Filho do Homem, Filho de Deus
O mistério da divindade e humanidade de Jesus tem confundido as pessoas ao longo dos tempos. A encarnação da segunda pessoa da Trindade, no tempo e no espaço, quebrou todos os paradigmas de como Deus se relaciona com o homem. Os gregos tinham o conceito de um “semi-deus”, metade homem e metade deus (como Hércules e Aquiles), que segundo o mito foi o resultado de um deus copular com um ser humano. Este semi-deus tinha traços sobrenaturais e foi capaz de realizar feitos extra-humanos, mas era humano o suficiente para morrer. Quando Paulo pregou sobre Jesus aos atenienses no Areópago, o que os chocou foi a mensagem da ressurreição. Os gnósticos do primeiro século entendiam a divindade de Cristo, mas não conseguiam entender a Sua humanidade. O Arianismo, por outro lado, negava a divindade de Jesus. Esta doutrina foi propagada por todo o Egito e Arábia entre os séculos III e VI, e foi provavelmente o que influenciou a compreensão de Maomé acerca Jesus (Isa) na escrita do Corão.
No meio desta confusão causada pelos gnósticos e arianos, a Igreja reuniu-se em Calcedónia no ano 451 d.C., para resolver esta questão. Os líderes da igreja reuniram- se e elaboraram uma declaração que tem sido considerada doutrina ortodoxa desde então. Lê-se: “Nosso Senhor Jesus Cristo é um só e mesmo Deus, perfeito em divindade e perfeito em humanidade, verdadeiro Deus e verdadeiro homem… Cristo, Filho, Senhor, Unigénito, que se manifesta em duas naturezas, sem qualquer confusão, mudança, divisão ou separação”. A referência bíblica mais clara sobre a dupla natureza de Cristo é encontrada no primeiro capítulo de João, versículo 1: “O Verbo era Deus”, e no versículo 14: “O Verbo se fez carne e habitou entre nós”.
Porque é que é tão importante a humanidade de Jesus? A encarnação não era a subtração da divindade, mas a adição da humanidade. O homem é um ser finito e Deus é infinito. Sendo assim, o homem, por definição, nunca poderia chegar a Deus, mas Deus pode alcançar o homem. O homem, por causa do pecado, foi separado de Deus. De acordo com 1 João 3:5 Jesus tornou-Se homem para tirar os nossos pecados. Ele levou o pecado do homem sobre Si mesmo e pagou a pena do pecado morrendo na cruz. Só desta forma o homem poderia ser restaurado no seu relacionamento com o seu Criador. O escritor aos Hebreus diz que Jesus foi tentado de todas as maneiras como nós, e ainda assim permaneceu sem pecado. Assim, Ele pode identificar-Se com as nossas fraquezas como seres humanos (Hebreus 4:15). Ele veio para nos elevar até Ele.
Mais de 80 vezes nos Evangelhos, Jesus refere-Se a Si mesmo como o “Filho do Homem”. Jesus não estava a negar a Sua divindade, referindo-Se a Si mesmo desta forma. Daniel identificou o “Filho do Homem” como a vinda do Messias e Salvador da humanidade (Daniel 7:13-14). Quando os fariseus perguntaram a Jesus se Ele era o “Filho de Deus”, Ele fez referência a esta passagem respondendo: “Tu o disseste; digo-vos, porém, que vereis em breve o Filho do homem assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu” (Mateus 26:63-64). Aquele que é o Rei dos reis e Senhor dos senhores humilhou-Se ao ponto de Se tornar homem e identificar-Se com cada um de nós.
Jesus como Filho do Homem e Filho de Deus, também é visto no perdão dos pecados. Isaías diz que é Deus quem perdoa os pecados (43:25), e Jesus diz que o Filho do Homem tem o poder de perdoar os pecados (Marcos 2:7-10). Sim, Jesus é 100% homem e sim, Jesus é 100% Deus. Ele está acima de tudo e ainda assim é um connosco. Este é o grande mistério da redenção e da base do nosso relacionamento com Deus.
Escrituras Para Meditar
Daniel 7:13-14; Mateus 20:28; 26:63-64; João 1:1, 14; 1 João 3:5; 4:2; Hebreus 4:15; Filipenses 2:6-8
[Read the devotional «Son of Man – Son of God» in English.]
Devocional incluido na coleção 52 Devocionais.
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