Uma âncora para a alma

Durante alguns anos, nós vivemos próximos do oceano. Quase todos os dias caminhávamos sobre as falésias, junto à praia, e olhávamos para o mar. Era muito refrescante inspirar a brisa do mar, observar os surfistas e as suas façanhas e o ondular dos barcos de pesca sobre o mar. Quando os ventos sopravam e as ondas tornavam-se bravas, os surfistas dirigiam-se às margens, mas os pescadores mantinham as suas posições. O que impedia que os barcos batessem contra as rochas? Não eram os seus motores, eram as suas âncoras.

A vida é como as ondas do mar. Há altos e baixos, dias calmos e dias de tempestade, alegrias e lágrimas. Alguns tentam superar os tempos difíceis com o seu empenho e determinação, apenas para se verem, às vezes, virados de cabeça para baixo e sucumbidos pela força do mar. Mesmo quando as ondas parecem maneáveis, há surtos que nos apanham de surpresa. Neste “mar da vida”, todos precisamos de uma âncora para a nossa alma.

O escritor de Hebreus diz que a âncora é a esperança (Hebreus 6:19). Muitos têm definido esperança como uma expectativa do bem, como uma cenoura colocada perante o burro. A esperança mantém-nos no caminho e em andamento, mas eu creio que é mais do que uma promessa futura de felicidade eterna. A esperança é o fundamento para a nossa fé. “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam…” (Hebreus 11:1). É como uma rocha sobre a qual nos firmamos. Quer hajam “ondas de avivamento” que nos fazem vibrar espiritualmente, ou desespero profundo e solidão, a esperança é aquele motorista que nos leva para casa à noite.

A esperança baseia-se na imutabilidade de Deus. “Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu” (Hebreus 10:23). A Palavra de Deus é inquestionável. Deus não pode mentir. A Sua Palavra está sempre certa e é verdadeira. No capítulo 6, do livro de Hebreus, vemos Deus fazer uma promessa e um juramento para nos assegurar que Ele nunca mudará de ideias. Esta esperança é “segura” e “firme” (v. 19), e ao agarramo-nos nela, sem vacilar, nós vamos para além do véu, onde Cristo está. A esperança leva-nos a Cristo.

A esperança é o “caminho” para cada crente. É o “caminho” na adversidade e é o “porquê” do avivamento. A esperança foi a razão para a cruz. “Olhando firmemente para Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se a destra do trono de Deus” (Hebreus 12:2). Há propósito na vida, e o propósito de Deus é imutável (Hebreus 6:17). Tal como uma âncora não é visível, quando está no oceano, nós podemos não entender tudo o que acontece ao nosso redor, mas podemos ter a certeza de que Deus está no trono e que todas as coisas contribuem para o nosso bem e para o Seu propósito.

Uma doutrina sã é também como uma âncora para a nossa alma. Com todos os “ventos de doutrina” dos homens e demónios (Efésios 4:14), que têm feito naufragar aqueles que estão sem âncora, o escritor de Hebreus exorta-nos para voltarmos ao básico; aos ensinos elementares de Cristo (Hebreus 6:1-2). O homem tem a tendência de ir aos extremos, de enfatizar certas verdades das Escrituras, e, sem a nossa esperança firmemente segura em Cristo, é fácil afastarmo-nos do caminho. Então, olha firmemente para a tua esperança. Continua a olhar para Jesus o autor e o consumador da tua fé.

Escrituras para meditar
Hebreus 3:5-6, 6:17-20, 10:23, 11:1, 12:1-2; Salmos 39:7, 62:5; Zacarias 9:12

[Read the devotional «An Anchor of the Soul» in English.]