Eu não me envergonho
No início da carta de Paulo aos Romanos, o livro mais teológico do Novo Testamento, ele declara: “Porque não me envergonho do Evangelho…”. Esta declaração é crucial para entender a convicção da sua apologética (Romanos 1:16). O Evangelho é o poder de Deus para todos os que n’Ele creem. A mensagem da obra salvadora de Deus em Cristo Jesus é a única mensagem de esperança que este mundo tem. Paulo sentiu que tinha a obrigação de pregar o Evangelho (v. 14). Ele não estava a tentar ser politicamente correto, de modo a agradar à multidão. Ele estava disposto a sofrer perseguição, ser mal-entendido, caluniado e humilhado, mas não tinha vergonha.
A vergonha é uma emoção social prejudicial. É um estado de desconforto emocional consigo mesmo, depois de se experimentar um ato ou condição socialmente inaceitável que é testemunhado por outros. Geralmente há alguma perda de dignidade e honra envolvida. Em algumas culturas, os membros da comunidade às vezes são assassinados pelas suas próprias famílias, quando o comportamento desviante da vítima traz vergonha sobre a “honra” da família. Pode-se sentir vergonha em níveis diferentes, podendo variar desde a vergonha sentida quando um pecado é revelado, ou pelo constrangimento de esquecer as falas numa produção teatral. Para evitar a vergonha, muitos ajustam o seu comportamento para encaixar nas expectativas do seu contexto social. Por exemplo, alguns expressam abertamente a sua fé em torno daqueles que têm as mesmas crenças, mas quando estão na companhia de incrédulos, eles permanecem em silêncio e não revelam a sua fé.
A raiz da palavra vergonha tem a ver com cobertura. Quando Adão e Eva pecaram, eles sentiram medo e vergonha e tentaram cobrir-se. Antes de pecar, eles não sentiam nenhuma vergonha por estarem “descobertos” ou transparentes, mas depois eles tentaram esconder-se. Para envergonhar alguém é necessário atribuir ou comunicar um estado de vergonha ao outro. É expor ou revelar um comportamento socialmente inaceitável. Jesus foi publicamente envergonhado quando foi pendurado nu na cruz. Paulo menciona que foi envergonhado de diferentes maneiras por causa do seu zelo em pregar o Evangelho (2 Coríntios 11:23-26). A sua dedicação à mensagem do Evangelho colocou-o constantemente numa má posição. Aonde quer que ele fosse, nas suas viagens, as pessoas insurgiam-se contra ele, mas ele estava disposto a sofrer a vergonha e o abuso de modo a que as pessoas pudessem ter a oportunidade de receber a salvação.
Como é que Jesus lidou com a vergonha que passou? A Bíblia diz que Ele suportou a cruz, desprezando a afronta (Hebreus 12:2). O que é que isto significa? Isto significa que quando a vergonha começou a tentar Jesus para que abandonasse a Sua obediência ao Pai, tomando o caminho mais fácil para agradar às multidões e para evitar a cruz, Ele disse à vergonha: “Vergonha, eu desprezo- -te. Tu podes fazer o que quiseres de Mim, mas Eu não vou ceder ao teu controlo”. Jesus virou a Sua atenção para o gozo que Lhe estava proposto. Ele ansiava pela salvação de todos os que estavam a envergonhá-Lo e assim estava disposto a sofrer, nas mãos dos mesmos, num curto prazo para ganhar a longo prazo.
A vergonha do Evangelho surge quando o status quo, outras opiniões e a reputação pessoal se tornam mais importantes do que a mensagem do Evangelho. Paulo diria: “Estou disposto a sofrer, perder os meus amigos e família, perder a reputação e ser mal interpretado, mas eu não me envergonharei. O evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê”. O Evangelho é uma mensagem de misericórdia e perdão. Ele traz esperança e salvação. Não há nada do que se envergonhar. É uma boa notícia.
Escrituras para meditar
Romanos 1:16; 2 Timóteo 1:8-11; 2:11-13, 15; 1 Pedro 4:16; Hebreus 12:2
Devocional incluido na coleção 52 Devocionais.
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