Arrepende-te outra vez
Arrependimento? Já lá estive, já o fiz! É isso? Será necessário arrependermo-nos apenas para entrar na porta da salvação? Ou será que há mais? Creio que o arrependimento tem de ser progressivo, um estilo de vida no nosso relacionamento com Deus. Deixem-me explicar. Arrependimento é o afastamento de qualquer desvio que temos feito de Deus e do Seu propósito para as nossas vidas. Arrependimento é reconhecer que ficámos aquém do melhor de Deus; é estar realmente arrependido pelos nossos pecados; é ser responsável pelas consequências que as nossas palavras, atitudes e acções têm nos outros. Arrependimento não é uma experiência única, mas uma atitude contínua de humildade e consciência da nossa natureza pecaminosa.
Paulo reconheceu o efeito prejudicial da sua natureza pecaminosa sobre o seu desejo de viver uma vida santa. Na sua luta com a carne, ele gritou: “Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Romanos 7:24). No início do seu ministério Paulo estava muito confiante nas revelações que tinha recebido de Deus. Paulo confrontou Pedro quando Pedro não estava a aderir à sua própria pregação sobre a inclusão dos gentios. Paulo proclamou corajosamente que a revelação que tinha recebido tinha vindo directamente de Deus. Mas, à medida que amadureceu na sua fé, tornou-se menos confiante na sua carne e mais na graça de Deus apenas. Pouco antes da sua morte Paulo afirma: “Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal” (1 Timóteo 1:15). Ele não se referia à sua vida pecaminosa antes de se tornar cristão. Ele escreveu usando o tempo presente.
Estar consciente da nossa natureza pecaminosa não é um espancamento constante de nós mesmos, nem é estar continuamente sob condenação e sentimentos de culpa. Logo após ter manifestado a sua frustração sobre a lei do pecado e da morte nos seus membros, Paulo declara que não há condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus (Romanos 8:1). A condenação é uma negação da graça de Deus pela qual fomos salvos. Paulo também não teve uma atitude de ânimo leve em relação ao pecado, pois reconheceu que só através da lei do Espírito de Deus ele poderia triunfar sobre o pecado (v.2). O arrependimento mantém a cruz sempre diante de nós.
A minha esposa cresceu numa cultura africana que prontamente pedia “desculpa” por qualquer coisa negativa que acontecesse. Se alguém estivesse ferido, todos diriam “desculpa”. Se alguma coisa caísse no chão, todos diriam “desculpa”. Quer fosse culpa deles ou não, não fazia diferença, a resposta geral era expressar tristeza dizendo “desculpa”, ou “sinto muito”. Creio que há algo de divino nesta resposta cultural à adversidade. A Bíblia diz isso: “a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação” (2 Coríntios 7:10). É lamentar, ao ponto de chorar, pelo “pecado que tão de perto nos rodeia” (Hebreus 12:1). O oposto é ser indiferente ao pecado e às suas feias consequências. É fechar dos olhos à seriedade do pecado e desculpá-lo como fraqueza humana ou apenas erro. Sem uma revelação do pecado, é difícil compreender a graça.
Estar sempre pronto a arrepender-se não nega o facto de que somos a justiça de Deus em Cristo Jesus. Apenas reconhece que ainda estamos num vaso terrestre que está sujeito à lei do pecado e da morte. É por isso que devemos entregar os membros deste vaso (corpo) diariamente ao Senhor como instrumentos de justiça. A nossa língua pode abençoar e amaldiçoar. Os nossos pés podem andar nos caminhos de Deus ou não. Embora desejemos sempre agradar ao Senhor com os membros do nosso corpo, não o fazemos. Pecamos e, quando o fazemos, devemos confessá-lo e receber o perdão. Provérbios diz que o justo cairá sete vezes e se levantará (24:16). Portanto, se caíres, arrepende-te novamente, levanta-te e continua a caminhar na novidade da tua vida em Cristo Jesus.
Escrituras para meditar
2 Coríntios 7:10; Lucas 24:47; Romanos 2:4; 2 Timóteo 2:24-26; 1 João 1:9
Devocional incluido na coleção 52 Devocionais.
Abençoe o ministério do Pr. James Reimer, adquirindo estes livros.
[Read the devotional «Repent Again» in English.]