Percepção de profundidade
A percepção da profundidade é a capacidade visual de perceber o mundo em três dimensões e a distância a que um objecto está do espectador. Sem esta capacidade tridimensional temos dificuldade em caminhar e tropeçamos no mais pequeno dos objectos. Ao aplicar isto à nossa vida espiritual, vejo que existe uma necessidade de olhar para além do exterior e ver o espiritual. É ter uma visão profética que vê propósito e valor mais do que apenas utilidade e lógica. Quando nos falta esta dimensão, uma pessoa tem a tendência a discutir sobre o que realmente não é importante. As conversas permanecem focadas no superficial, e procura-se a identidade nos aspectos externos como a cor da pele, feitos, títulos, posição social ou nível de educação. A percepção da profundidade espiritual ajuda-nos a compreender o presente à luz do eterno.
Uma forma de ver a vida estilo “ecrã plano” influencia os relacionamentos, o que valorizas e a tua própria identidade. Com esta visão superficial do mundo a tendência é sermos manipulados pela opinião pública e pelo status quo. As relações que são determinadas pela aparência externa e pela realização pessoal são a areia instável que precede uma queda, resultando no stress diário de manter a imagem certa e agradar aos influenciadores. Se te vês a ti mesmo nesta mentalidade “bidimensional”, serás influenciado pela lisonja e tentado a violar os teus princípios e a tua moral pelo prazer temporário da aceitação e do elogio.
Quando o povo de Israel clamou por um rei como as outras nações, Deus concedeu-lhe o seu desejo. Ele deu-lhes um rei com a estatura exterior de um rei, na medida em que ele era mais alto do que qualquer outra pessoa. Saul tinha a estatura, mas por dentro estava inseguro. Com o tempo, a “pequenez” interior de Saul foi revelada pelo seu temor do homem (1 Samuel 15:24). A aparência exterior não era uma garantia de grandeza interior. A falta de profundidade espiritual de Saul levou-o a ouvir a voz do povo em vez de ouvir e obedecer a Deus. Deus disse ao profeta Samuel que tinha rejeitado Saul como rei e enviou-o para ungir outro. Desta vez era para estar com “percepção de profundidade espiritual” e não como os olhos vêem. Ele foi enviado à casa de Jessé para ungir um dos seus filhos como futuro rei. Quando estes jovens foram apresentados ao profeta, Samuel olhou primeiro para a sua aparência, mas Deus estava a olhar para o coração. Finalmente, apareceu aquele que ninguém considerava qualificado: David, um homem segundo o coração de Deus.
Quando Jesus escolheu os Seus discípulos, Ele estava a olhar para o coração. Jesus viu o presente à luz da eternidade. Ele viu o potencial de cada um em vez da sua condição actual. Escolheu rebeldes, pescadores sem letras, o desprezado cobrador de impostos, e os comuns “Manuéis”, para serem fazedores de história. Aqueles que não têm percepção profunda escolhem os qualificados para posições de liderança, enquanto Deus escolhe aqueles com o coração certo e depois qualifica-os e unge-os para fazer grandes coisas. Muitos dos líderes na época de Jesus tinham apenas uma perspectiva bidimensional. Não conseguiam ver o que Jesus via. Quando Ele falou com a mulher samaritana ou jantou na casa dos cobradores de impostos e pecadores, eles ficaram ofendidos. Pensavam que apenas aqueles com a aparência e posição social elevada eram importantes para Deus. Mas Deus vê mais profundamente, Ele vê o coração.
Quando se vê o coração de alguém, vê-se a sua motivação. Com a percepção profunda, pode-se ignorar a aspereza da personalidade de alguém e as cicatrizes do seu sofrimento interior e ver o seu valor. Através dos olhos de Deus, pode-se olhar para além do pecado e ver o pecador a quem Deus ama. Deus derramou o Seu amor nos nossos corações para que possamos ver como Ele vê e amar como Ele ama.
Escrituras para meditar
1 Samuel 15:24; 16:7; João 7:24; 2 Coríntios 5:12; Romanos 5:8; 12:10
Devocional incluido na coleção 52 Devocionais.
Abençoe o ministério do Pr. James Reimer, adquirindo estes livros.
[Read the devotional «Depth Perception» in English.]