Passar por cima
Recentemente voltei a ler o livro de Jonas e, como o faço frequentemente, perguntei “porquê?” a muitos dos eventos que se encontram neste livro. Jonas é um personagem bastante interessante e que ocupa muitas das histórias contadas nos livros de histórias bíblicas infantis, filmes sobre a Bíblia, e até é mencionado no Qu’ran. Acho que a minha pergunta principal é porque é que Jonas estava tão sem vontade de pregar sobre o julgamento vindouro de um dos principais inimigos de Israel? Antes da história contada no livro de Jonas, o profeta estava a viver no reino de Israel. Foi um profeta reconhecido pelo rei Jeroboão II durante as guerras de Israel com a Assíria. Embora Jeroboão II não fosse um bom rei, obedeceu à Palavra do Senhor dada através de Jonas e expandiu e fortificou as fronteiras de Israel. Eu acho que a notícia da profecia de Jonas, acerca da vitória da pequena Israel sobre a potência mundial Assíria, era conhecida nas ruas de Nínive, a capital da Assíria.
Na época de Jonas Israel era tão perversa como a Assíria, mas Deus teve piedade de Israel. A profecia de Jonas acerca da vitória sobre os assírios tinha-lhe trazido favor perante o rei. Anos de tributo ao seu inimigo tinham agora terminado, pelo menos durante algum tempo. Agora Deus estava a enviar Jonas para a própria capital do seu inimigo com uma outra palavra do Senhor. Não só era perigoso para um israelita estar nesta cidade, como o seu possível arrependimento e perdão poderiam significar uma futura agressão da Assíria a Israel. Era um cenário complicado. Na verdade 40 anos logo após o ministério de Jonas, a Assíria conquistou o reino do norte, e Israel foi levada para o cativeiro. Compreendes agora porque é que Jonas fugiu para o lugar mais distante possível, Társis?
Ainda que as acções de Jonas fossem compreensíveis, não eram permitidas. Jonas era o profeta do Senhor, não o do rei. A sua única responsabilidade era ouvir e obedecer. Para encurtar a história, Jonas fugiu da comissão de Deus, um grande peixe engoliu-o, ele arrependeu-se, e o peixe vomitou-o em terra firme para que pudesse voltar e cumprir a sua missão. Agora o famoso profeta Jonas está em Nínive com uma palavra de julgamento. Ao atravessar esta grande cidade, Jonas grita que em 40 dias esta cidade seria derrubada (nota: Jonas não chamou o povo ao arrependimento). Mas, tal como ele suspeitava, o povo, desde o rei até ao menor dos servos, arrependeu-se com saco e cinzas e com jejum. Toda a cidade se arrependeu dos seus muitos pecados contra Jeová, o Deus de Israel.
Jonas sabia que Deus era gracioso e misericordioso. Ele próprio tinha beneficiado destes atributos, mas quando Deus perdoou os ninivitas, Jonas enfureceu-se. Não é isto que o homem faz? Fugir de Deus ou fazer-se como Deus? Jonas simplesmente não conseguiu ignorar o facto de que esta cidade maligna precisava de ser julgada de uma vez por todas para que Israel tivesse paz nas suas fronteiras. Para ele o julgamento é que resolveria os problemas, não a misericórdia. Aplicando esta história a nós mesmos, pergunto se damos tanto valor à vida humana como Deus dá? Deus não quer que nenhum pereça, mas que todos venham a arrepender-se. Como é que podemos nós receber graça e perdão e não desejar o mesmo para os outros? Precisamos de passar por cima de feridas do passado e do que outros fizeram que tornou a nossa vida difícil. Ninguém é digno do perdão e da misericórdia de Deus. Como é que podemos dizer que conhecemos e tememos a Deus e ainda agir de tal forma? Deus ama as pessoas e o Seu convite à salvação é estendido a todos. Por isso, paremos as nossas formas de julgar e procuremos a misericórdia de Deus para todos. Humilhemo-nos, orando pela salvação e perdão dos nossos inimigos.
Escrituras para meditar
Jonas 1-4; Naum 1:1-15; 2 Reis 14:25; Salmo 139; Lucas 11:30; 2 Pedro 3:9
Devocional incluido na coleção 52 Devocionais.
Abençoe o ministério do Pr. James Reimer, adquirindo estes livros.
[Read the devotional «Just Get Over It» in English.]