Argumenta o teu caso
Argumentar com Deus: isso é possível ou mesmo permitido? Não exige Deus o tipo de obediência em que não há espaço para dúvidas ou perguntas? Ele deseja obediência cega, ou podemos dialogar ao longo do caminho? Jó confessou que, mesmo que Deus o matasse, ele confiaria no Senhor. No entanto, Jó acrescentou que ele argumentaria o seu caso diante d’Ele (Jó 13:15). Para Jó, confiar em Deus era inegociável, mas ele tinha dúvidas. Ele estabeleceu limites para as suas questões. Primeiro, ele disse que Deus teria sempre a última palavra e que ele confiaria n’Ele, por mais difícil que fosse. Em segundo lugar, ele pediu a Deus para não esconder o Seu rosto ou remover a Sua mão (v. 20-21). Poderia haver argumentação, mas nunca terminaria em separação ou rebelião.
Perguntas surgem quando a vida nos apresenta uma “rasteira” da qual não estamos à espera, tal como: uma doença terminal, a morte de um parente querido, ser demitido do nosso “emprego de sonho” ou um relacionamento que acabou. Sabendo que Deus é soberano e todo-poderoso, as nossas perguntas geralmente surgem perante Ele como um argumento de injustiça ou justiça. No momento da nossa aflição clamamos: “Por que permitiste que isto acontecesse?” Deus poderia ter intervindo, mas não o fez. Por quê? Ele é justo? É bom o tempo todo? Sem estabelecer limites, como Jó fez, as nossas perguntas podem colocar-nos no campo minado da incredulidade. Os limites de “acima de tudo, eu confio em ti”, impedem-nos de sermos destruídos pelos naufrágios nas tempestades da vida, mas o “entrar em juízo/ argumentar juntos” permite-nos entrar num novo nível de entendimento quanto aos mistérios dos Seus caminhos.
No livro de João, capítulo 11, lemos o relato da doença terminal de Lázaro, irmão de Marta e Maria. Imediatamente, elas pediram que Jesus viesse e o curasse. Elas tinham visto Jesus curar várias pessoas doentes e esperavam que Ele fizesse o mesmo pelo seu irmão. Jesus era um amigo íntimo da família e, assim, elas sabiam que, ao ouvir da doença do seu irmão, Jesus viria rapidamente. Mas Jesus ficou onde estava. No momento em que Jesus finalmente chegou, Lázaro estava morto há quatro dias. As irmãs ficaram arrasadas. Marta foi a primeira a argumentar o seu caso: “Se tivesses vindo, o meu irmão não teria morrido” (João 11:21). O seu argumento baseava-se nas limitações da sua própria experiência. Ela conhecera Jesus como curador e era uma cura que ela esperava de Jesus. Marta estabeleceu os limites, quando disse: “Até agora sei que, seja o que for que pedires a Deus, Deus te dará” (v. 22). Mas a sua compreensão limitada dos caminhos de Deus deram continuidade às perguntas. Jesus queria ampliar o entendimento destas irmãs sobre Ele. Ele não era apenas alguém que curava, mas também era a ressurreição e a vida.
A morte é um enigma. Nós simplesmente não entendemos isso. Os discípulos não entendiam porque é que Jesus tinha de morrer tão jovem. Eles não entendiam como é que a morte dos seus sonhos os iria expôr à visão de Deus. Eles tinham algum interesse investido no ministério de Jesus. A Sua fama era a fama deles. A Sua morte prematura arruinaria tudo. Pedro, sendo o mais ousado do grupo, confrontou Jesus e argumentou o seu caso. Para surpresa e vergonha de Pedro, Jesus viu quem estava realmente a liderar a conversa e repreendeu Satanás ao falar com Pedro. Ele, depois, continuou, explicando o propósito dos eventos que estavam para vir. Jesus não se escandaliza com o nosso desejo de saber porquê. Ele não é obrigado a responder a tudo para nossa satisfação, mas Ele deseja dialogar connosco. Deve haver confiança e um desejo de aprender, para a argumentação ser saudável. Como no casamento e na vida familiar, há discussões, mas a base é o amor e o compromisso uns com os outros. Estes não são negociáveis, e assim é argumentar com Deus.
Escrituras para meditar
Jó 13:15, 20-23; Isaías 1:18-20; 43:26; Sofonias 3:17; João 11:1-44; Mateus 16:21-28
Devocional incluido na coleção 52 Devocionais.
Abençoe o ministério do Pr. James Reimer, adquirindo estes livros.
[Read the devotional «Argue your Case» in English.]