Graça vangloriosa
A confissão é remédio para a alma. É a ação de nos humilharmos diante de Deus e dos outros, e de revelarmos os nossos pecados secretos. A confissão é o desmantelamento do falso sucesso e da pretensão de alcançar autojustiça. A confissão é o sair das trevas para a luz; é onde a nossa fraqueza é exposta perante todos. Todos nós começamos a nossa caminhada com Deus desta forma, ao confessarmos que somos pecadores e que Jesus é o Senhor. Em humildade aproximamo-nos do Seu trono da graça e recebemos o perdão pelos nossos pecados. O resultado é uma vida transformada, por meio da graça do Senhor a trabalhar em nós. É através da humildade que acedemos a esta graça, (Tiago 4:6).
O que parecia fácil fazer no início, torna-se mais difícil de ser feito com o passar dos anos. Aqueles que são crentes há muitos anos, acham difícil pedir oração. Eles raramente vão à frente quando há uma chamada ao altar; escondem os seus medos e fracassos enquanto fingem uma aparente felicidade, realização e vitória. Entre os seus amigos cristãos a conversa é sobre como eles são bem-sucedidos nos seus ministérios, no seu casamento e sobre o sucesso dos seus filhos. Eles têm a tendência de gabar-se sobre o conhecimento que têm e sobre os seus sacrifícios no serviço ao Senhor. Construiram uma imagem de serem “espirituais”, e isto tem como custo a transparência ou qualquer sinal de fraqueza que pode derrubá-los. Por isso, com medo que as suas fraquezas sejam expostas, mantêm relacionamentos distantes e superficiais. Tudo isto é orgulho.
Charles Spurgeon disse: “Cuidado com a vanglória, porque a tua virtude ainda será provada; Satanás vai direcionar os seus ardis contra essa virtude da qual tu te glorias”. Pouco depois de Pedro ter sido elogiado por receber uma grande revelação de Deus, ele teve de ser repreendido por falar por meio de Satanás. Depois, ele alegou ousadamente lealdade até à morte e horas mais tarde negou o Senhor três vezes. David disse: “E eu dizia na minha prosperidade: não vacilarei jamais” (Salmo 30:6), e depois sucumbiu à concupiscência dos olhos e caiu em adultério.
Paulo escreveu aos Coríntios: “Aquele, pois, que cuidar estar em pé, olhe não caia” (I Coríntios 10:12). O orgulho precede à queda.
A razão pela qual os cristãos são orgulhosos é porque os padrões para o sucesso são muito baixos. Fizemos com que o sucesso fosse realizável. O padrão que foi definido é apenas um pouco mais do que aquele que observamos ao nosso redor. Paulo vangloriou-se de ser um hebreu de hebreus, de ser mais zeloso do que os outros trabalhadores para Cristo, sobre as suas perseguições, sofrimentos e duradouros desastres naturais. No entanto, ao fazê-lo, ele disse: “recebei-me como insensato”, “O que digo, não o digo segundo o Senhor, mas como por loucura” (II Coríntios 11:16-27). Paulo, não termina com esta glória, “insensata”, mas continua a revelar a sua fraqueza e a sua confiança na graça de Deus. A sua vanglória estava vestida com humildade, vangloriou-se da sua fraqueza para que a graça e o poder de Deus repousassem sobre ele. Quando o padrão que estabelecemos é muito baixo, o orgulho instala-se. O verdadeiro padrão para o sucesso é Jesus.
O orgulho é pecado e não deve ser assumido de “ânimo-leve”. Deus resiste aos orgulhosos. Não é uma coisa pequena. É como a “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, ou as raposinhas que fazem mal às vinhas. Podemos resistir à tentação do orgulho pela confissão frequente das nossas fraquezas e pecados. Se nos sentirmos inclinados à vanglória, vangloriemo-nos dos nossos pontos fracos e da graça de Deus.
Escrituras para meditar
I Coríntios 10:12-13; I Timóteo 3:6; Mateus 6:1-2; Tiago 4:6; I João 1:9; Provérbios 16:18; Cantares 2:15
[Read the devotional «Boastful Grace» in English.]