O ponto cego
Quase todos os dias, leio um capítulo do livro de Provérbios e tenho reparado na quantidade de avisos sobre não sermos sábios aos nossos próprios olhos. Mesmo que acenemos com a cabeça em concordância com esta advertência, é mais difícil de fazer do que parece. O capítulo 16, versículo 2, diz que “todos os caminhos do homem são puros aos seus próprios olhos, mas o Senhor pesa o espírito”. Se tu és humano (acredito que sejas), então este versículo aplica-se a ti. Ou seja, a maioria das vezes acreditamos que estamos certos, e se há algum problema, então geralmente a culpa é de outra pessoa, ou das circunstâncias. Diariamente olhamos para o espelho e perguntamos: “Espelho meu, espelho meu, quem é o mais justo entre todos (ou, afinal, quem está certo)?” E esperamos ouvir: “Claro que és tu, meu senhor”. Mas, quando ouvimos que é outra pessoa, ficamos chateados e temos dificuldade em acreditar que seja verdade.
Durante a época do Império Romano, o senado organizava um desfile magnífico para receber e honrar o imperador ou general no regresso de uma batalha vitoriosa. As ruas eram alinhadas com pessoas que os louvavam pelas vitórias e exaltavam Roma pela sua grandeza. O vencedor ia num carro espetacular puxado por quatro cavalos. Ele usava uma coroa de louro e levava um ramo de louro na sua mão direita. Na sua mão esquerda, ele carregava um cetro de marfim com uma águia no topo: o símbolo do triunfo. Era um aparato digno de um deus, mas ao lado dele ia um escravo que sussurrava ao seu ouvido: “respice”, cuja tradução é, “olha para trás”. Ele deveria ser lembrado de que era um mero mortal e não um deus, e que a sua vitória era devida à sua família e ao exército que o seguira na batalha.
Todos nós precisamos de um amigo que fale a verdade em amor. Isto vai-nos corrigir, quando necessário, e desafiar a nossa “retidão”. Cada um de nós tem áreas “cegas”. Todos os que conduzem carros sabem que há um ângulo que não se consegue ver através dos espelhos. Nós chamamos a isto “ponto cego” ou “ângulo morto”. Antes de fazer uma manobra, devemos ter cuidado e confirmar que outro carro não está nessa zona. Há uma posição no futebol americano que se chama safety, que quer dizer segurança. O trabalho do segurança é proteger o ponto cego do recetor ou quarterback. A Bíblia diz que as riquezas nos podem cegar, assim como o ciúme e até o sucesso. Se não temos alguém para nos proteger, podemos ser apanhados pelo inimigo. Este lado cego é equivalente ao orgulho, e o orgulho precede a queda.
O mesmo número de vezes que há um aviso sobre não sermos sábios aos nossos próprios olhos, assim há uma admoestação para ouvirmos conselho. Prestar atenção à instrução é a nossa “segurança” (11:12). Os sábios são os que ouvem a repreensão da vida (15:31). Os conselhos asseguram que os teus planos terão sucesso. É considerado tolo aquele que só expressa a sua própria opinião e não permite que ninguém o instrua e corrija (15:5, 22; 18:2). Em vez de seguires em frente com o que parece certo para ti, passa por alguém que consideras ser teu mentor e amigo. Buscar aconselhamento não te vai atrasar, mas sim assegurar sabedoria e sucesso para o futuro (19:20). Cada um de nós tem áreas cegas na vida e precisamos permitir que as pessoas se aproximem o suficiente para podermos falar sobre essas áreas. “O ferro afia o ferro, e um homem aguça o outro” (27:17). Embora possamos não gostar de ser expostos, e o confronto poder causar faíscas, vamos ficar mais preparados e capazes de lidar com as bênçãos que Deus tem para nós.
Escrituras para meditar
Provérbios 3:7; 12:15; 16:2; 18:2; 19:20; 21:2; 26:16; 27:17-18; 28:11, 26
Devocional incluido na coleção 52 Devocionais.
Abençoe o ministério do Pr. James Reimer, adquirindo estes livros.
[Read the devotional «The Blind Side» in English.]